Desde os primórdios da humanidade, a existência é celebrada, através de rituais, cantos, danças e toda sorte de práticas. O caminho espiritual que resulta tão complexo para a mente moderna, sempre foi algo completamente natural, simples e fluído para os povos que vivem em comunhão com a mãe terra.
O xamanismo é muito antigo, nasce junto com o ser humano, e celebra o elo entre o micro- cosmo que somos e o macro-cosmo que é o universo exterior a nós. Mais do que isso até, nos mostra que não há diferenças entre estes dois mundos. Somos natureza, e quando damos um passo além de nossa casca mental, percebemos que não existe divisão entre nós e o todo. Uma gota d’água que no oceano, é percebida simplesmente como mar. Da mesma forma, que a gota, somos parte do grande oceano da vida, somos natureza, elementos e mistérios. O xamanismo nos ensina a rasgar o véu da separação, romper a casca e nos soltarmos para sentir e explorar o oceano da vida.
Muitos acreditam que o xamã passa por um caminho árduo para adquirir o poder pessoal que o torna capaz de curar, de viajar entre os mundos e de invocar os espíritos da natureza. É certo que o esforço é grande e que o caminho é árduo, entretanto nenhuma gota de energia é empregada para adquirir o poder. O poder é intrínseco a cada ser humano. Toda a caminhada do xamã é um polimento pessoal, um aprendizado para permitir que a vida, que a natureza e o universo fluam através de si sem obstáculos.
Os muitos conceitos mentais, as ilusões a respeito de si, os medos e os apegos são forças devoradoras que consomem o poder pessoal e paralisam o ser humano, impossibilitando seu vôo espiritual. O Xamã é aquele que transpôs estas barreiras e vive com a consciência enraizada no Grande Mistério que pulsa em seu âmago.
Nesta profunda harmonia e simplicidade, o homem se reintegra com a fonte sagrada do amor, abrindo a porta para aflorar os dons latentes em seu ser. Quando a mente e o coração se abrem, permitindo jorrar o amor, a Mãe Terra nos fala à alma e expressa seu poder através de nós. Nesse momento o xamã se desperta em nosso âmago, e a voz do trovão ecoa em nossa canção. Os espíritos do fogo, dos ventos, das águas, das pedras, das plantas e dos animais nos escutam e se levantam, pois todos reconhecem a linguagem universal que se expressa silenciosa em cada coração verdadeiro.
